Qual a transformação que você está passando?
Ao mudar de forma, há um processo, uma jornada muitas vezes dolorosa. O formato já não atende às necessidades, ou para continuar a existir precisa mudar para adaptar-se às novas condições do ambiente. Mudar é portanto, uma ação natural e garantidora de continuidade à existência:
Quer continuar existindo? Basta dedicar-se a mudar!
Muitas analogias são possíveis com esse tema, o quebrar a casca do ovo para libertar-se de um ambiente ou zona de conforto e passar a atuar em outra ampliada perspectiva, ou como escolhi aqui, a metamorfose da borboleta, quando lagarta:
- Nasce rastejando com movimentos pouco harmônicos;
- Dedica-se puramente a necessidades de sobrevivência, devorando o que encontra pela frente;
- Age silenciosamente pelos caminhos;
- Externamente projetada para discrição, assustar ou até agredir quem se aventurar a encostar ou mesmo interagir.
Quantos de nós agimos assim? Talentos brilhantes em corredores de empresas, mas que ainda estão no estágio da lagarta:
- Não sabem se posicionar e argumentar com suas ideias;
- Acreditam que trabalham puramente pelo salário ou sobrevivência;
- Evitam participar, muitas vezes temendo desaprovação ou competição;
- Usam escudos em seus corações, repelindo contato, evitando e até atacando quem se aproxima.
Conhece alguém assim?
Todos nós, em algum momento ou ciclo da vida, fomos “lagarta”. Possivelmente você, ao ler este meu artigo, também se identifique com estas características, dependendo do momento de vida que esteja agora, portanto, todos começamos como lagarta quando:
- crianças interagindo com família e o mundo;
- adolescentes, convivendo com desafios de vida e relacionamentos;
- jovens no início de vida profissional;
- profissionais em transição de carreira;
- líderes aprendendo a inspirar times;
- pais descobrindo como ser exemplo a filhos;
- marcas iniciando seu propósito…
Para cada um destes e tantos outros ciclos somos lagartas que ainda rastejam, avançam lentamente, sobrevivem, evitam conflitos e se protegem…
Porém, há um momento da vida da lagarta que ela “escuta” um chamado interior. Algo que está programado em seu DNA e que, naquele exato momento, comanda uma incrível e irreversível transformação, algo que mudará a sua vida, para sempre!
Nenhuma lagarta pode evitar isso, ela simplesmente atende a esse chamado, confia no processo e inicia a jornada:
- Escolhe um local seguro para ficar em silêncio, isolada;
- Recolhe-se em uma estrutura para que se processe uma troca de corpo físico;
- Permite uma série intensa de reconfigurações internas e externas, muitas vezes incômodas e dolorosas;
- Escolhe sair e voar e viver o seu propósito
Contudo, conosco nem sempre isso acontece. Nem todos permitem que o processo aconteça na plenitude, e neste caso, diferentemente da borboleta, temos um dispositivo diferente:
nós podemos escolher!
Uma lagarta não escolhe não querer se tornar borboleta. Ela simplesmente atende ao chamado, confia no processo e, ao final, segue seu novo caminho. Mas nós fomos abençoados com um presente divino, a possibilidade de escolha. E, neste caso, nosso corpo pode até passar pela transformação externa, mas nossa mente pode ainda continuar aprisionada em hábitos de lagarta.
E é o que acontece com muitos de nós:
- Sentimos o chamado interno, mas escolhemos não escutá-lo e evitamos por medo de desagradar outros;
- Vemos nosso corpo mudar por fora, mas escolhemos manter hábitos imaturos mesmo em corpo de adultos;
- Escolhemos reclamar do mundo ao nosso redor, em vez de permitirmos que a adaptação nos reposicione na existência
- Vivemos trancados em modelos mentais que até serviram quando fomos lagarta mas que não nos permitem voar e explorar novos mundos.
Tenho certeza que você também conhece pessoas assim. Possivelmente você esteja passando por um ou mais destes estágios de escolha que ainda impedem a sua transformação.
Proponho o seguinte exercício abaixo, e desejo que ele te traga insights mobilizadores de tuas escolhas:
- Escreva sua linha de vida, risque um traço horizontal e divida-os em blocos de setênios (7 em 7 anos). Em cada bloco, anote o que conseguir se lembrar de fatos relevantes como: acontecimentos, conquistas, perdas, pessoas que chegaram e que partiram… Use fotos da infância se precisar se lembrar ou até recorra a escutar pessoas que estiveram contigo naqueles momentos, para que você possa compor cada bloco.
- Ao concluir, leia e identifique padrões em forma de comportamentos, momentos relevantes que influenciaram mudanças significativas na sua vida. Momentos de avanço, em que voou como borboleta ou que ficou na prisão do passado ou dentro de um casulo como lagarta. Destaque estes momentos como desejar, de modo que fiquem visíveis no quadro.
- Imprima seu currículo atual, lembrando de inserir ao final, local e data.
- Risque a data do currículo impresso, anotando sobre ela uma data 5 ou 10 anos à frente. Em seguida, altere manualmente neste impresso, tudo que deseja que esteja diferente, imaginando-se na data e ano escolhido para o você do futuro: idade, estado civil, endereço, função, cursos que quer ter concluído, experiências que quer ter conquistado até lá, etc. Deixe sua mente viajar como a borboleta, tire-a do casulo e imagine-se neste ano escolhido: “Qual é o currículo que quero ter até este ano escolhido?” Lembre-se de incluir o máximo possível de aspectos de sua vida, pessoal e profissional.
- Digite este novo currículo nomeando com o ano escolhido. Lembre-se de não criticar nada que esteja escrito lá. Toda crítica vem da lagarta interna e não do chamado da borboleta. Ao criticar pergunte-se se a crítica se quer continuar lagarta ou voar em direção ao que vim ser neste mundo.
- Imprima este novo currículo, contemple-o e afixe-o em local visível a você. Deixe-o exposto em local visível aos olhos, onde possa todos os dias ser como um alvo a ser atingido, uma meta de transformação pessoal e profissional.
Os passos acima te levarão a uma viagem repleta de emoções, negações, medos, incertezas, sonhos ainda não realizados, sensações a experimentar e te mostrarão um alvo:
Escutar o que está programado em seu DNA, no seu chamado interior, aquilo que você veio para fazer, o teu vocare, tua vocação, teu propósito!
O propósito da borboleta não é rastejar como lagarta, mas voar e permitir simbologias como esta. Embelezar paisagens, apoiar a polinização de flores, permitir a vida de muitos ambientes, ser o elo fundamental de uma cadeia em que tudo se conecta, tudo têm uma missão, um propósito.
Topa?
Ah, é uma escolha! Ficar parado e continuar rastejando também é um estágio, só não vale reclamar se alguém pisar em você e impedir o seu voo, lembre-se que você pode escolher o que quer ser.
Que tal respirar fundo e assumir a coragem de criar as asas? Sim vai doer, mas acredite, valerá a pena!
Escute o teu coração e venha cumprir o seu propósito.