Todos temos aquela voz que nos impulsiona a fazer, realizar, avançar. Ao mesmo tempo, escutamos vozes que nos bloqueiam, minimizam e sabotam nossas intenções. Estranhamente damos mais atenção a essas vozes sabotadoras do que aquela que nos deixa em alinhamento perfeito ao que viemos fazer neste mundo.
É muito interessante esse fenômeno, e é como se houvesse uma plateia dentro de nossa cabeça, um grupo de vozes, que até são simbolizadas por pessoas com que convivemos, algo como:
“…o que meus pais irão dizer disso…”;
“…ah, duvido que aceitem essa minha loucura…”;
“… é só eu começar que irão rir de minha cara…”;
“…lá vou eu novamente com minhas ideias malucas…”
Quem nunca?
Neste momento, em que escrevo este post, minhas conversas internas estão a todo vapor, me corrigindo, censurando e criticando, seja pela forma com que escrevo, palavras que estou escolhendo, tema que estou abordando… Esse fenômeno é humano! Se está acontecendo contigo, neste exato momento, fique em paz, está tudo bem!
O bacana é que podemos aprender a ter mais consciência dessa “plateia” interna, e escolher jogar ou não conforme pede a torcida. Esta escolha é somente nossa. Quanto mais investirmos e aprender a escutar a nós mesmos, melhores serão nossas habilidades em identificar quando e quais são as mensagens sabotadoras que estão nos rodeando. Saber escutar isso antes de tomar qualquer decisão é um ato de inteligência, de presença, pois se fazemos sem considerá-las, ou “no automático” como muitos costumam justificar, é o mesmo que aceitarmos que somos governados, comandados ou meio que “marionetes” de algo que nos domina. Escravos dentro de nosso próprio corpo.
E quando o que nos domina nos impede de cumprir nosso ideal de existência?
Muitos passam por toda a vida e, até saem dela sem ter descoberto esse “ideal” e, passam a viver a partir do ideal de outros ou até em uma vida de aparências, só para sentir aprovação externa. Carecendo que o mundo lhes digam, lhes aprovem, “deixem curtidas”, comentários aprovadores… Basta dar uma olhada nos posts de redes sociais dos teus contatos e familiares, você encontrará rapidamente casos assim, isso se o teu perfil não for o repleto de posts de “suplicas” inconscientes por aprovação externa. Pense nisso!
E portanto, como escutar o nosso ideal? Aquilo que nos impulsiona, verdadeiramente ao que viemos fazer neste mundo?
Eis a pergunta de milhões de dólares!
Proponho um exercício:
Imagine que você acordou e, ao despertar, descobre que está em um navio em alto mar! Você acordou e estava no convés de um navio, no meio de uma tempestade. Você é arremessado para um lado e para o outro conforme as ondas batem no casco. Trovões e raios completam o céu escurecido de uma forte tempestade em que estão no meio dela.
Quando olha para os lados, vê pessoas tentando fazer algo. Uns se segurando em cordas, outras tentando limpar a água que invade o convés, outras em pânico chorando sentadas no chão, outras concentradas em fazer algo útil para manter a segurança… E você lá, tentando se equilibrar…
Eis que após negar e perceber que não adianta ficar parado reclamando, vê que pode fazer algo. Você decide ajudar a amarrar as velas, observa uma pessoa que já estava fazendo isso e a ajuda. Ela te olha e assente com a cabeça e juntos conseguem amarrar mais rápido e melhor. Assim que terminam, você percebe que em um outro local, há uma rachadura no casco, olha para os lados e vê que há uma caixa de ferramentas perto, abre pega martelo, pregos e começa a tentar consertar a rachadura. Ao terminar, percebe que outra pessoa acordou do sono, está perdida por ali, assim como você estava e diz a ela para que venha ajudar; mostra a ela como amarrar cordas ou a consertar madeiras quebradas… Aos poucos descobre que você pode ajudar se comunicando com os demais, observando e coordenando o trabalho… E, quando menos percebe está fazendo algo útil a você e a todos…
Penso que encontrar um ideal é algo assim. Despertar de um sono, temer o perigo e, apesar de todos os barulhos, medos e ambiente desfavorável, ainda assim escolher fazer algo que apoie o despertar e a segurança de todos. É colocar o seu coração a serviço de algo, manter-se de forma desperta, com foco em proteger a si e aos demais, apesar de todas as condições climáticas ao redor.
Acredito que a vida é assim, nem sempre navegaremos com céu azul, sol, estrelas e brisa agradável, e como dizia Shakespere “mar calmo não produz bons marinheiros”. Podemos descobrir o que o mar nos revela quando decidimos fazer algo, despertar.
Para fechar este post, te pergunto:
Qual é o ideal que insiste em querer despertar dentro de você, mas que você ainda insiste em fingir que está dormindo?